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Para minha escrita acadêmica… Não me enlouqueça!

Os dedos estão em estado letárgico, a cabeça pensa em muitas coisas ao mesmo tempo e não consegue materializar nenhuma delas. Não sei se vocês já tiveram essa sensação, mas para mim é frequente. E quanto mais é necessário conclusões e resoluções, mais inativa vou ficando. Quando prazo está perto do fim, sou tomada por uma força sobre humana que me mantém eficiente e ativa, concluindo, como num parto difícil e natural aquilo que devia ter sido executado ao longo de meses.

Um cansaço natural de uma ação exaustiva toma meu corpo e mente, dever comprido? Não, dever realizado, o que não quer dizer que tem a qualidade que desejamos e mesmo se não tivesse sido desta forma não estaria a contento de nossa perfeição latente. O pesquisador tem seu próprio tempo de maturação, que a academia nunca vai compreender, se este for artista então, piora. Nunca seus estudos e escritas abarcarão as diversas possibilidades que ele, com sua mente turbulenta, pensou e questionou.

E assim estou, reclusa em mim e desperta para o mundo. A dissertação tá se construindo, se arrumando, mas a mente borbulha. Saio de casa para escrever, no intuito de poder pensar além das paredes brancas deste apartamento, às vezes queria uma escuta sensível e uma leitura crítica sobre o que ferve em mim. Às vezes era só um carinho e um cuidado a mais nesse momento de parturição, uma compreensão maior, um acreditar melhor…

A escrita sempre é um lugar tão solitário, e não porque precisamos estar sozinhos, mas para o outro é difícil aceitar a dimensão da sobrecarga depositada na pesquisa. Não é tão claramente entendível a dimensão da responsabilidade da escrita, a testa franzida, as noites que o sono não vem, o silêncio que se instala tantas e tantas vezes entre as relações nesse processo. Não os culpo, por muitas vezes nos deixar no meio deste desértico processo, não deve ser fácil entender um mal humor sem sentido.

Só peço que não deixe de alimentar o amor, porque até a dissertação passa! Se vai, e as coisas voltam aos seus lugares transitórios de felicidade, o sono se estabiliza, as gargalhadas matinais voltam a ser o despertar do lar, as rugas forjadas na testa se vão como num passe de mágica. Mas a cabeça não para, é só o tempo necessário para poder esquecer o quanto sofrida é a pesquisa, para retomar o gozo após a dor da solidão forçada da academia.

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